Não é que me tivesse esquecido, porque a tua memória me acompanha em cada doloroso passo deste resto de caminho que me falta percorrer.
Mas apenas hoje assinalo os 92 anos passados sobre a data do teu nascimento e mais sentidamente ainda te choro a ausência.
Tantos anos levei a entender a adoração com que falavas da tua mãe, para lá de toda a infância que não tiveste, de toda a juventude que te roubaram, de toda a vida que enterraste no trabalho sem proveito.
E foi preciso que me deixasses só, sem vida, sem os teus carinhos à volta.
Foi preciso que povoasses todo o imenso deserto que me rodeia, que revolvesses toda a terra que me espera os despojos inúteis e sem préstimo.
Há cerca de três meses a esta parte os minutos que passam fazem muito menos sentido, contigo ausente.
Nem os minutos, nem as horas, nem nada! Chorar-te, minha Mãe, não é destino.
Mas é revolta, por não estares!
Estejas
onde estiveres descansa em paz.
Muito
Obrigado Minha Mãe…
Angelino.